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O Ensino da Língua Inglesa na Educação Básica

Em nossa BNCC – Base nacional Comum Curricular, documento normativo que estabelece o conjunto de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo da educação básica, estão assegurados os chamados direitos de aprendizagem na Educação Infantil: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. 

Na etapa inicial da educação, as crianças estão aprendendo os códigos linguísticos e testando-os, reproduzindo falas de outras pessoas com quem convivem, buscando conhecer o mundo e a si mesmas. É o momento de identificar e nomear o mundo.  Para muitos, crianças pequenas teriam mais facilidade para aprender um segundo idioma precisamente por conta desse momento de assimilação de um código linguístico, conhecido como aquisição da linguagem. A criança aprende a estruturar seu pensamento em frases e sentenças inteligíveis, mesmo não tendo, ainda, aprendido as regras gramaticais. Esse é um processo natural que todos vivemos com nossa língua materna.

No caso de um segundo idioma, e aqui nos interessa a língua inglesa, ter contato nos anos iniciais da infância tem demonstrado ser algo vantajoso para os pequenos aprendizes, tendo em vista esse momento de aquisição da linguagem. Em outras palavras, aprender um segundo idioma na infância, alguns estudos sugerem, contribui para o desenvolvimento cognitivo, já que a criança aprende a operar em dois códigos linguísticos distintos, cada um com sua lógica e regras próprias. Após a fase da Educação Infantil, em que a criança começa a dominar os códigos, mas ainda sem consciência de seu próprio conhecimento de códigos diferentes, nos anos iniciais do ensino fundamental o aluno passará, aos poucos, a apropriar-se dos códigos linguísticos, tendo discernimento maior das estruturas e funcionamento de cada um. 

Nesse sentido, é válido o argumento de que a exposição à língua inglesa na primeira infância pode ser altamente benéfica, já que o processo de descoberta, aquisição e apropriação da linguagem acontecerá mais ou menos simultaneamente. Essa exposição ao inglês, entretanto, não pode se resumir ao espaço da escola. Para apropriar-se de um idioma, é necessário que a criança esteja exposta a ele em outros ambientes, especialmente o ambiente familiar, de que o inglês deve fazer parte. Canções em inglês, vídeos, atividades variadas devem fazer parte da rotina da criança, tanto quanto seus brinquedos e seu convívio familiar. 

É importante lembrar, igualmente, que a língua inglesa, hoje em dia, é a língua adicional mais falada no mundo, aqui considerados os falantes nativos e não nativos do idioma. Dessa forma, a língua inglesa adquire o status de “língua franca”, isto é, uma língua para comunicação entre falantes de línguas diferentes. Um brasileiro que viaje para a Coreia do Sul, por exemplo, e que não fale coreano, provavelmente se comunicará em inglês (supondo, naturalmente, que não encontre falantes de português em sua viagem!). Por isso que muitos chamam o inglês de língua “universal”. 

Nessa percepção contemporânea do idioma de William Shakespeare, é possível compreender o inglês também como língua de acesso à informação: basta pensar que metade dos principais periódicos do mundo é publicada em inglês – mesmo em países que não têm o inglês como idioma oficial.

Saber inglês, assim sendo, é também ter acesso ao mundo, é ter o direito de ler e compreender o mundo, já que o conhecimento desse idioma possibilita maior acesso ao conhecimento. As principais revistas científicas do mundo, por exemplo, quase sempre publicam relatórios e descritivos de seus achados e estudos em língua inglesa, precisamente porque o acesso a tais informações será, seguramente, maior. Em eventos internacionais do porte da Copa do Mundo, a comunicação sempre é feita no idioma local do país que recebe o evento e, já o sabemos, em inglês.

Para concluirmos, diante do papel que a língua inglesa desempenha em nosso mundo contemporâneo –  e diante de tudo o que ela representa em termos de acesso à comunicação e à informação-, ter contato com esse idioma logo nos primeiros anos da educação básica revela-se, sem dúvida, uma vantagem e uma oportunidade inestimável. O contato com códigos linguísticos diferentes e a exposição a um idioma adicional, distinto da língua materna, pode ser sensivelmente benéfico não apenas para o desenvolvimento da fluência na língua estrangeira, mas, igualmente, para o desenvolvimento estrutural e cognitivo da criança. Dessa forma, os direitos fundamentais de aprendizagem – conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se – realizam-se com maior alcance e de forma mais assertiva, já que a criança é exposta a maiores possibilidades de interações sociais e comunicativas, o que, certamente, contribuirá para com seu desenvolvimento integral. 

Autora: Profª. Dra. Lara Moler, pós-doutora em Estudos Literários em Língua Inglesa pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

– Certificação pela Universidade de Cambridge: C2 (Proficiency) e Cambridge CELTA.

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